quinta-feira, 18 de junho de 2009

E agora como fica?

Ontem, o Supremo Tribunal Federal derrubou a exigência do diploma para jornalistas!
A revogação da obrigatoriedade do diploma faz de nós jornalistas formados profissionais desvalorizados. Vejo essa decisão como algo extremamente preocupante. Alguém como eu, às vésperas de terminar um frela, sem emprego, agora terei que competir por uma vaga no mercado com tantas outras pessoas que não fizeram uma faculdade para ter o diploma que eu tenho.
Somos quase 80 mil jornalistas no país, sendo 8.486 o número de jornalistas sem diploma. Não tenho o preconceito e a petulância de dizer que sou melhor que fulano por ter um diploma de jornalista. De qualquer forma foram 4 anos de faculdade, muitos trabalhos, preparação, aprendizado para decidirem agora que isso não faz diferença. Não concordo e deixo aqui registrado no meu blog, no meu espaço, onde sim tenho a tão falada "liberdade de imprensa", o meu protesto.

Veja matéria da Folha de S.Paulo:

18/06/2009 - 10h02
Entidades celebram fim da "camisa-de-força" no jornalismo

A decisão do Supremo Tribunal Federal que revogou a obrigatoriedade do diploma de jornalista foi criticada pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa), mas elogiada pela ANJ (Associação Nacional de Jornais) e pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV).

Segundo o diretor do comitê de relações governamentais da ANJ, Paulo Tonet Camargo, não se trata de discutir a importância dos cursos de jornalismo na formação dos profissionais. "A ANJ vê a decisão do Supremo como entendimento de que os cursos não são pressupostos para o exercício do jornalismo", completou. Para Tonet, "a decisão consagra no direito o que já acontecia na prática, ou seja, não modifica a situação atual. A ANJ continua prestigiando os cursos de jornalismo e reconhecendo a validade do diploma de jornalismo. Mas o que estava em jogo no Supremo era o diploma como pré-requisito para o exercício da profissão".

Daniel Pimentel Slaviero, da Abert, disse que a decisão é uma demonstração da liberdade de expressão: "Continuamos a entender que o diploma e o desenvolvimento dos cursos de jornalismo continuam sendo importantes, mas a Abert via [a obrigatoriedade do diploma] como uma camisa-de-força".

Durante a sessão, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, argumentou que "essa exigência do diploma na verdade afastava da imprensa políticos e intelectuais que se colocavam contrariamente ao regime vigente [ditadura]... Não fazemos apologia contra a atividade educacional regular, mas não podemos fechar os olhos à capacidade das pessoas de se qualificarem para essa atividade que exige conhecimento multidisciplinar".

Críticas

O presidente da ABI, Maurício Azêdo, disse que a entidade "lamenta [o resultado] e considera que esta decisão expõe os jornalistas a riscos e fragilidades e entra em choque com o texto constitucional".

Azêdo disse que "a ABI espera que as entidades de jornalistas, à frente a Federação Nacional dos Jornalistas, promovam gestões junto às lideranças do Congresso Nacional para restabelecer aquilo que o Supremo está sonegando à sociedade, que é um jornalismo feito com competência técnica e alto sentido cultural e ético".

"Foi um desastre [a decisão]. Mas a categoria vai continuar lutando por algum tipo de regulamentação que nos dê dignidade, que hoje [ontem] nos foi furtada", afirmou Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Fenaj, após o julgamento.

"Este é um duro golpe na qualidade da informação jornalística e na organização de nossa categoria, mas nem o jornalismo nem o nosso movimento sindical vão acabar, pois temos muito a fazer em defesa do direito da sociedade à informação", acrescentou Murillo.

Segundo nota da Fenaj em seu site, a decisão "pôs fim a uma conquista de 40 anos dos jornalistas e da sociedade brasileira". A executiva da instituição se reúne hoje para discutir a alteração e traçar estratégias.

Um comentário:

Principessa disse...

Calma. Duvido que uma decisão infeliz do STF seja capaz de tornar o processo de seleção em jornais, revistas e televisão menos rigoroso.